domingo, 26 de fevereiro de 2012

A invenção de Morel - Adolfo Bioy Casares

Capa da edição da Editora Cosac Naify

Sabe o Bioy Casares que comentei quando li “O diário da Guerra do Porco” e “Histórias de Amor”? Então! Esse é outro! Uma outra ótima versão, acrescento!

Eu fiquei “!” quando terminei o livro. Que o autor era hábil em escrever histórias curtas, isso eu já sabia, mas até então nenhum de seus contos que li tinha (ou eu não consegui enxergar) a densidade que essa obra tem.

Assim como outras pessoas que já ouvi comentarem sobre o livro, fiquei com vontade de relê-lo assim que o terminei!

Não é à toa! Há muito o que se pensar a partir dessa história: a relação das pessoas com a tecnologia e a produção de simulacros a partir dela, a valorização de situações que “parecem ser” em detrimento daquelas que realmente são, a ânsia de preservar pessoas e momentos – algumas vezes até de manipulá-los - a atração de um possível “eterno retorno”´ou de uma “existência” eterna, o drama da "invisibilidade" na sociedade e até onde ela pode levar um ser humano, entre outras questões que orbitam ao redor do mote principal da história.

Fico receosa em descrever o enredo e tirar o encanto das descobertas realizadas durante a leitura, mas, em síntese, posso dizer que o livro conta a história de um rapaz, que sendo um fugitivo, decide esconder-se em uma ilha inabitada. Um tempo depois percebe a movimentação de outras pessoas por lá. A princípio, com medo de ser entregue às autoridades, o protagonista passa suas horas buscando formas de se passar despercebido até apaixonar-se por uma das visitantes da ilha.

A partir disso, aproxima-se e tenta entender melhor que tipo de pessoas estão vivendo por lá. E é nesse desenrolar que a história começa a tomar contornos que não imaginávamos!
As descobertas do protagonista são narradas em primeira pessoa, em uma espécie de diário ou anotações que o auxiliam a raciocinar sobre tudo o que passa ao seu redor. No decorrer do texto há umas intervenções (notas de rodapé) que dão a entender que seus escritos foram encontrados e posteriormente publicados, deixando a vontade de querer saber o que aconteceu com os personagens depois que a história foi finalizada.

Agora deixo uma dica: tente ler o livro de uma vez só. Como ele é curto, ler de forma muito fragmentada pode deixar alguns detalhes meio confusos, ou até mesmo te fazer desistir do livro, já que no começo o ritmo é um pouco mais lento.


CURIOSIDADES e DETALHES IRRISÓRIOS:

  • A invenção de Morel” inspirou o idealizador do seriado Lost - que não assisti, diga-se de passagem;

  • Há uma edição brasileira (editora Círculo do Livro) que traduziu o título como “A máquina fantástica” (pra quê, ?);




    Outro título, mesmo livro

  • A certa altura do livro lembrei de um trecho, muito marcante, do seriado “Six feet under” em que o personagem Nate diz para sua irmã, enquanto ela fotografa a família durante uma despedida: You can't take a picture of this, it's already gone”;

  • Na tentativa de comentar o livro sem revelar muito da história, deixo essa animação que encontrei através do site http://www.literaturanobrasil.com.br/a-invencao-de-morel-bioy-casares/


A Invenção de Morel from Paola on Vimeo.


3 comentários:

  1. Olha... Esperava mais desse livro, sério. Sei que alguns vão querer me bater, mas...
    Pelo prólogo parecia algo, de fato, super surpreendente. Achei mais pra "super bizarra" a invenção do Morel (e ele, um completo psicopata).

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  2. Hahaha Discordo enfáticamente!!! eu li a invenção já faz anos...e li de novo o ano passado, acho que se alguén achou uma maneira de encontrar a felicidade foi Morel, pensa nos melhores dias de tua vida, sei lá umas férias, um verão, uma semana...e depois faz elas se repetir para sempre, sem que tu saibas que estão se repentindo, esquecendo tudo no último día e recomeçando o primeiro como se fosse a primeira vez...nada como isso!!!! Bizarro sim, mas uma ótima definição de felicidade eterna!!! Bioy Casares é genial!!! Abraço Enyta e Thays, Ótimo blog!!! Bjs

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  3. Kacikuama: Não sei se eu me sentiria feliz tendo morrido depois do experimento de forma tão estranha... Como eu e a Thays conversamos, talvez Morel tenha deixado passar uma (ou várias!) chances de felicidades futuras, por conta desse experimento. Será que um trecho de nossas vidas sendo repetido exaustivamente em algum lugar por aí nos faz menos infelizes?
    Obrigada pelos comentários!

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