quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

O diário da guerra do porco - Adolfo Bioy Casares


“Escrito em 1968, à beira da velhice, Diário da Guerra do Porco é uma das mais emblemáticas obras de Bioy, dada sua ironia e sensibilidade. O livro narra a história de Isidoro Vidal, senhor aposentado que vive com seu filho em um casarão onde costuma receber amigos para jogar cartas. Depois de uma dessas reuniões, Isidoro e seus amigos presenciam o brutal assassinato de um velho, morto a pauladas. O episódio é fruto de uma profunda aversão aos anciãos que toma conta de Buenos Aires. Diante da ameaça, a vida de Isidoro e de seus amigos torna-se um tormento. Com base nesse argumento fantástico, Bioy constrói uma trama instigante, permeada pelo sonho e, principalmente, pela ironia.”
Revista Cult - Edição 152



Isso bastou para que eu ficasse alucinada para ler esse livro e depois de um ano finalmente consegui!

Confesso que quando pego um livro tendo um protagonista idoso eu espero encontrar reflexões sobre a vida que passou e relatos sobre o desassossego de viver em um mundo ao qual você não se vê refletido. Acabo apostando em uma história mais reflexiva, com poucos fatos, mas todos eles sentidos com maior profundidade pelo protagonista.

Não foi exatamente isso que vi em “O diário da Guerra do Porco”. Foi justamente ao contrário!

A história é recheada de fatos novos, com um quê de suspense e policial, sem deixar de fazer uma crítica sobre como os humanos mais velhos são tratados em um mundo de supervalorização de coisas que se tornam supérfluas rapidamente.

Rolam muitas cenas de violência e o clima da história é, na maior parte do tempo, sombrio.

Bioy Casares narra de tal forma que mesmo lendo em um dia ensolarado temos a sensação de confinamento e escuridão.

É uma história que pode ser colocada na categoria de “literatura do absurdo” (Imagine! Se já são despropositadas a perseguição e morte de pessoas por suas ideias, quem dirá quando a motivação é única e exclusivamente pela sua idade!), mas que, na verdade, nada mais é do que o exagero de uma situação que está posta, mas por ser revelada de forma sutil e cotidiana não tem o impacto que a narrativa tem.

Apesar de não ser como eu esperava, gostei da história!

Na verdade, é a segunda vez que Bioy Casares me causa estranhamento no começo e depois de sedimentadas as histórias sinto que gostei.

É difícil encontrar um autor que nos tira das expectativas óbvias. Geralmente depois ou até mesmo durante a leitura já “sei” se gostei ou não do livro. No caso de Casares essa conclusão não se dá de forma tão imediata!



Destaque às fotografias de Horacio Coppola inseridas na edição da CosacNaify

2 comentários:

  1. OLá Thays, como vais?
    O livro é bonito, mas há poucas coisas sobre Brasília nele. Se você quiser (por conta de uma tese e/ou curiosidade, eu posso transcrever tudo que há nele - é apenas uma visita de um dia em uma viagem de dez). Por mais que ele seja arguto e observador, não vais se surpreender muito (eu acho).
    Abraços
    Aguinaldo

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