Na época, a doação de livros feitas pela minha mãe à biblioteca de um centro espírita me deixou estressada. De repente me toquei de que aqueles livros também eram "líveis" (entenderam, não é?) e que eu não havia lido nenhum até então.
Aí criei vergonha na cara e decidi começar a lê-los. Pegava do armário do centro para ler e também motivada por segundas intenções - voltar a ficar com eles.
Como sempre fui fascinada pela civilização egípcia (passava horas e horas vendo fotografias nos livros da coleção sobre museus do mundo inteiro da mamis), escolhi um livro mais pela capa que pelo título ou resumo - que não costumava ler.
Começou, então, minha paixão pelos ditos livros psicografados, principalmente pelos romances históricos. E mais principalmente ainda, pela escritora russa Wera Krijanowskaia (Krijanowsky ou Krijanowski). O livro se chamava O chanceler de ferro do Antigo Egito.
Esta era a famosa capa que atraiu minha atenção
Falando em livros "espíritas", o primeiro que li foi O amor venceu, da brasileira Zíbia Gasparetto. Chorei horrores com a história, mas depois do Chanceler de Ferro, ficou meio sem gracinha...
Na época amei O amor venceu, mas devolvi à biblioteca e depois que uma guria pegou pra ler, nunca mais o vi. Acho que aí é que despertou em mim a vontade de nunca mais devolver outros livros que li depois (somente os dessa biblioteca, onde mais ou menos uns 70% eram doações da minha mãe).
Ambas as obras relatam a vida e costumes no Egito antigo entremeada de romantismo, casais fictícios, blábláblá, mas o que torna o estilo literário onisciente de Wera Krijanowskaia especial é a quantidade de detalhes. Muitos, muitos detalhes. Particularmente eu adoro! Dá a sensação de estar no Egito, vivendo naquela época, interagindo com as personagens. Até "encarnava" ora um, ora outro.
Passei uns dois anos apaixonadíssima e grudada no Chanceler, e volta e meia ainda pego pra reler. Cada leitura é sempre fascinante, ainda mais que a autora expõe trechos de livros de história para ilustrar melhor a época. Mesmo sem ilustrações, fotos, imagens (enfim!), consegue-se visualizar cada lugar.
A médium escritora russa
Bom... Agora vamos ao enredo. Na época eu podia me considerar kardecista, e para essas pessoas, O Chanceler de Ferro do Antigo Egito não é uma obra de ficção, mas sim a história da vida daquela famoso personagem bíblico - José do Egito. Podem reparar que na capa do livro (da imagem que coloquei ali em cima) está escrito bem visível J. W. Rochester.
Os kardecistas crêem (acho que esse acento saiu de moda) que o espírito de um conde (John Wilmot, segundo Conde de Rochester) que viveu na Inglaterra foi a reencarnação de José do Egito, e que narra essa sua vida passada à Wera que psicografa o livro. Se alguém não entendeu, sugiro conhecer os dogmas da Doutrina Espírita compilada por Allan Kardec (nome fictício do francês Hippolyte-Léon Denizard Rivail, que segundo o próprio, foi o nome dele em uma encarnação como druída).
Johnny Depp no papel do Conde J. W. Rochester no filme O Libertino, que conta a vida desse personagem histórico.
Enfim!!! Era bem mais legal quando eu acreditava que era verdade isso! Mas relendo o Chanceler na minha fase cética, ele não deixa de ser uma obra literária muito bem escrita e fascinante...
Retrato do famoso conde inglês, Conde de Rochester.
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