Célebre frase dita por Quincas Borba ao explicar sua filosofia com aspectos do darwinismo social - fortemente em voga no final do século XIX.
"Quincas Borba" conta a história de Rubião, um homem simples, que ao herdar uma quantia considerável de seu amigo Quincas Borba se integra à elite carioca. Deslumbrado com a riqueza e por Sofia – uma mulher casada – Rubião perde-se perante sua necessidade de ser bem visto pela sociedade (repleta de falsos amigos) e querido por sua amada.
Apesar da popularidade de “Dom Casmurro”, “ Memórias Póstumas de Brás Cubas” foi o romance de Machado de Assis que mais gostei. Toda a ironia, crítica e fatalismo que aparecem no livro já foram suficientes para que eu me encantasse. Um personagem específico, porém, me chamou atenção: Quincas Borba.
A excentricidade desse tipo e sua filosofia -“Humanitismo” - logo me deixaram curiosíssima para ler o livro que carregava seu nome, principalmente depois que comecei a estudar sociologia e a achar semelhanças com Augusto Comte, criador do positivismo.
Minha surpresa de início foi verificar que a história tinha como protagonista Rubião, enfermeiro e herdeiro de Quincas Borba.
A obra continua na linha crítica de Machado de Assis, denunciando as relações de interesses, “puxadas de tapetes” e hipocrisia existentes na sociedade, porém, confesso que não me empolgou muito, não. A acidez típica do autor estava mais diluída, se formos comparar com “Memórias póstumas” e achei a história óbvia, em certa medida.
Certo é que na época em que foi lançada a obra representava um verdadeiro tapa ao revelar as falsidades encobertas por relações diplomáticas que só existem quando há interesses econômicos como motivação, hoje, porém, esse tipo de coisa anda tão explícita que fica mais a amargura da constatação do que o choque propriamente dito.
Devo confessar também que não fui com a cara de Rubião. Ao contrário da interpretação que o vê como um pobre ingênuo (creio, aliás, que Machado tentou evitar essa impressão logo nas primeiras páginas), achei ele frívolo e desinteressante.
Nesse caso, penso que o estilo machadiano de contar as relações sociais – apesar de não estar em toda sua forma - foi mais interessante do que os personagens em si.
De qualquer maneira, vale a leitura!
A mim não me pareceu previsível a história. Imaginei, antes, a senhoura casada envolvida em um romance clandestino com Rubião ou tendo uma relação mais dúbia, que não o prazer em ter um admirador a seus pés. Enfim... Não senti dó, por parte do escritor, ao personagem principal - que parece ter colhido frutos da própria ignorância - mas ao cachorro que dá nome à obra, Quincas Borba (tanto é que a morte deste, ganha um capítulo especial).
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