sábado, 8 de setembro de 2012

Admirável Mundo Novo - Aldous Huxley


Depois da frustração com “A mulher de 30 anos” do Balzac e o meu OK com “O morro dos ventos uivantes”, deixei de supervalorizar os clássicos unicamente por serem julgados como tais.

Porém, como admiradora das obras de George Orwell (apesar de ter lido os menos famosos, e nunca ter sequer iniciado a leitura de 1984), quando eu pesquisava sobre esse autor sempre me deparava com alguma referência a Aldous Huxley. Compreensível visto que as obras mais famosas de ambos os autores são distopias.

Dessa forma, veio a vontade de ler “Admirável mundo novo” e olha... Fiquei de queixo caído!

Claro que uma das frases mais comuns de se ouvir quando se tem contato com distopias é “Nossa, como é atual! Nosso mundo está dessa forma louca como foi relatada!”. Esse tipo de reação é quase um clichê. Portanto agora peço desculpas a vocês que acompanham o blog, mas foi exatamente essa minha reação.

O livro é absolutamente fantástico! Ainda mais considerando que foi escrito em 1932!

Huxley era um visionário! Ou melhor, uma pessoa sensível o suficiente para notar o impacto de certos processos embrionários em sua época.

Impossível não associar o soma (droga da “felicidade” ou conforto) com a medicalização extrema que se vê hoje, com a recomendação e uso indiscriminado de psicotrópicos.

Como não identificar na nossa sociedade atual a completa repulsa pelo envelhecimento do corpo? A necessidade de se manter jovem, custe o que custar.

Baumann (sociólogo e autor de “Amor líquido”) certamente apontará nas relações afetivas descritas no livro como um presságio do autor sobre a “fragilidade dos laços humanos”.

A sexualidade precoce, o consumo e conformismo programado atuando para o fortalecimento da inércia da sociedade, o controle da ciência sobre corpos e estilo de vida...

Sério! Muita mais que o estranhamento de um mundo fictício, o reconhecimento de tantos aspectos é espantoso!

Os personagens outsiders (ou o máximo que se pode ser nesse contexto) que conduzem a trama revelam também fragilidades de caráter que me fizeram, em certa altura, desfazer a empatia que sentia por eles. Creio que essa tenha sido uma estratégia necessária do autor para levar adiante o enredo e, convenhamos, trazer aspectos humanos a eles.

Confesso que até o momento faltam ainda 4 capítulos para finalizar o livro, mas fiquei tão empolgada com a leitura que não resisti e acabei escrevendo pro blog. Fiz uma série de marcações do texto que talvez eu cite aqui (ou não).

De qualquer forma, posso fazer um updatezinho assim que concluir a leitura.


No meio dessa viagem toda da história do livro, lembrei de uma conversa recente que tive, em que me foi apresentado um pouco sobre as ideia de Alan Moore sobre arte e magia. Achei muito curioso pensar dessa forma quando imaginamos o processo criativo de Huxley, que aparentemente focava-se numa crítica a uma sociedade socialista, mas que acaba se tornando o retrato do atual estágio do capitalismo.










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