domingo, 1 de janeiro de 2012

Último livro de 2011: O clube da luta!

Nunca fui de filmes de ação, portanto quando o filme “Clube da Luta” foi lançado não dei lá muita atenção. Por besteiradas da vida – que mal dizem respeito ao conteúdo do livro -, resolvi assisti-lo.

Fiquei surpresa por ver que não era um filme bobo de lutinhas e achei genial a forma utilizada para fazer críticas que se realizadas de forma tradicional soariam panfletárias.

Só mais tarde soube que o filme foi baseado em um livro (como tantos atualmente). Como geralmente os escritos são mais densos que sua versão cinematográfica, escolhi “O clube da luta” para a leitura da vez!

Gostei pra caramba do livro, mas confesso que o fato de já saber do detalhe revelador e que dá todo o tchan especial da história tirou um pouco o prazer da leitura.

A forma como autor nos apresenta a história é rápida, entrecortada, direcionando o ritmo e nos trazendo a sensação opressiva a que seus personagens estão submetidos.

Mas vamos ao conteúdo: eu poderia dizer que o livro conta a história de um rapaz jovem e bem sucedido economicamente que se depara com o vazio, após ter acesso a tudo o que as propagandas dizem ser a fórmula do bem–estar.

“– Somos os filhos do meio da história e fomos ensinados pela televisão a acreditar que um dia seremos milionários, astros de cinema e de rock, mas é mentira. Só que acabamos de saber disso – disse Tyler. – Por isso, não brinque conosco.” P.122

Órfão das promessas publicitárias, o personagem passa a ter problemas psicológicos, que inclui a insônia. A única forma de amenizar esse desconforto com o mundo foi ter contato com universo de pessoas, que ao contrário dele, tinham muito a perder.

Outra solução foi participar da formação de um clube de lutas, onde pessoas tão perdidas quanto ele faziam uso da violência física para se sentirem minimamente vivos.

Os clubes se proliferaram demonstrando que as sensações do protagonistas são, na verdade, o retrato de toda uma geração de yuppies.

“Você tem uma classe de mulheres e homens jovens e fortes que estão dispostos a dar a vida por alguma coisa. A publicidade persegue essa gente com carros e roupas desnecessários. As gerações vêm trabalhando em empregos que odeiam, comprando o que não têm a menor necessidade.

Nossa geração não viveu uma grande guerra ou uma grande depressão, mas nós sim, nós vivemos uma grande guerra espiritual. Uma grande revolução contra a cultura. A grande depressão é a nossa vida. Nossa depressão é espiritual” p. 109

Os clubes de lutas se desenvolveram até a formação de uma espécie de projeto de destruição de grandes corporações e símbolos, aproveitando, inclusive, pra dar uma zoadinha na elite alienada.

“Quando a exploração espacial decolar, provavelmente serão as mega-corporações que descobrirão os novos planetas e irão mapeá-los. Esfera Estelar IBM. Galáxia Philip Morris. Planet Denny’s. Cada planeta terá a identidade da corporação que chegar primeiro. Mundo Budweiser.” P. 125

“Lembre-se disso – disse Tyler – As pessoas que você quer pisar são as mesmas das quais você depende. Somos as pessoas que lavam a sua roupa, fazem a sua comida servem seu jantar. Nós fazemos a sua cama. Nós cuidamos do seu sono. Dirigimos as ambulâncias. Passamos as suas ligações. Somos cozinheiros, motoristas de táxi e sabemos tudo a seu respeito. Nós processamos os seus pedidos de seguro e as compras no seu cartão de crédito”. P. 121

“O objetivo era que cada homem do projeto aprendesse que tinha poder de controlar a história” p.88

Não falarei de mais detalhes do enredo para não estragar a leitura de quem ainda não assistiu o filme, até porque esse último foi muito bem feito, quase fiel (dando ênfase maior a um ou outro aspecto), com exceção do final.

É um ótima leitura! Boa para dar de presente para aqueles que acham que o que têm na conta bancária vale mais do que as pessoas que os cercam.

4 comentários:

  1. Gostei muito da resenha! Também demorei para assistir ao filme, pensei que se tratava apenas de socos e sangue (mal sabia o que estava perdendo). Sou apaixonada pelo longa e estou louca para ler o livro. Já me disseram que o final é diferente, mas não o quanto é diferente do filme. Dessa vez vou atrás do livro! E bem que me bateu uma vontade de assistir ao filme novamente. (: Ah, vi que o livro do mês é do André Vianco, Os Sete. O último livro que pedi no Skoob, rs.

    ResponderExcluir
  2. Assisti umas 2x ao filme e não me lembrava de como a história terminou, por isso qualquer final para mim iria ser novidade. O cara mó piradão! Achei o final engraçado, apesar de não duvidar que muita gente daquele lugar pense o mesmo (sobre deus e tal) :x
    Gostei dessa parte aqui, que me soou irônica:
    "Sabe, a camisinha é o sapatinho de cristal da nossa geração. Você calça quando conhece uma pessoa. Dança a noite toda e depois joga fora. A camisinha, não a pessoa".
    Não me lembro em que página está (esqueci de anotar, hihi).
    Cuidado com a insônia, pessoal!

    ResponderExcluir
  3. O livro tem várias passagens ótimas que nem citei no post... Mas pra mim uma das partes mais marcantes/tensas foi quase no final, quando o personagem tortura psicologicamente um carinha na hora de roubar sua carteira de motorista.

    ResponderExcluir
  4. Foi bizarra essa parte, se imaginarmos alguém (ou um grupo de "terroristas") saindo por aí fazendo isso :x

    ResponderExcluir

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...