quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sobre a Teoria Geral do Esquecimento - José Eduardo Agualusa


A história de uma mulher que se emparedou durante a Guerra da Independência em Angola. Baseada em uma história real.

Isso foi o suficiente para me chamar a atenção.

O entusiasmo que diversas vlogueiras/blogueiras literárias falavam sobre o livro me deixou ainda mais curiosa para lê-lo!

Até que achei sua versão em e-book no Livros do Exilado.

Como estou em processo de construção de uma dissertação, estou controlando bem mais o meu tempo, por isso me permito uma hora apenas de leitura de literatura por dia.

Comecei o livro ontem. Deu uma hora. Foi difícil parar, mas consegui. Hoje não foi possível. Só o fechei quando conclui.

A narrativa é fluida. As terras descritas nunca me foram mostradas por filmes ou fotos, como Nova York, Paris, Londres – cidades em que nunca estive, mas minha imaginação sabe construi-las devido o bombardeamento de suas imagens em meus olhos. Isso me doeu. Não ter referência para imaginar uma terra tão distante (em termos de quilometragem), mas tão mais culturalmente próxima (em relação às cidades anteriormente citadas) às cidades do país onde nasci.

Referência visual de Luanda. Cadê?


A personagem principal, a Ludo, que, antes de ler o livro, pensei que seria uma daquelas personagens meio loucas, em que a história vai glamorizando seu estado, mostrou-se uma personagem densa, com justificativas mais do que legítimas de ser quem é.

Todo o desenvolvimento de histórias paralelas que se cruzam num abrir de portas é sensacional!

A dinâmica de um país com disputas políticas tão graves em tão pouco tempo. A violência, as delicadezas que surgem em algumas brechas... Tudo colocado magistralmente! (E os títulos de cada capítulo, minha gente, o que é aquilo?)

Me emocionei com as últimas partes do livro e até poucos minutos depois de encerrada a leitura a sua lembrança chegava a me arrepiar!

Eu sei que o ano acabou de começar, mas tenho a impressão de que ele será o melhor livro que li em 2013!

O livro ainda conta com a contribuição de uma poetisa brasileira, Christiana Nóvoa!

4 comentários:

  1. Estou com muita vontade de ler esse livro, parece ser bastante interessante! Já li do Agualusa o "Estação das Chuvas" e "Milagrario pessoal", mas ele ainda não me conquistou arrebatadoramente. Vamos ver se esse consegue ;)
    Adorei o blog de vocês! Estou seguindo! Se puderem, façam uma visitinha ao meu também ;)
    www.nopaisdasentrelinhas.blogspot.com
    Beijo

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  2. Quando você fala que o livro foi baseado em uma história real, é afirmando tratar-se efetivamente de uma fato verídico?
    Pergunto pois, quando o li, interpretei a informação contida na nota prévia (sobre o romance ter sido inspirado nos diários originais da Ludo) como sendo, na verdade, um elemento ficcional de caracterização do narrador, e mesmo para engajamento do leitor.
    Fiquei intrigada e fui pesquisar. Pelas entrevistas do Agualusa e resenhas da obra, não me parece que a história desta mulher seja, de fato, real.

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  3. Excelente resenha, Thays!
    E sobre o livro: que livro!!!! Também peguei e não consegui largar como você. ; )
    Beijo!

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  4. A história do emparedamento de uma mulher, ao que parece - pelo próprio autor (última página), é real mesmo. Agora o resto pode ser que tenha sido ficção.

    "Últimas palavras" foi ótimo:

    "[...]
    Escrevo para quem fui. Talvez aquela que deixei um dia persista ainda, em pé e parada e fúnebre, num desvão do tempo - numa curva, numa encruzilhada - e de alguma forma misteriosa consiga ler as linhas que aqui vou traçando, sem as ver.
    [...]
    Vejo-te a espreitar pelas janelas, aterrorizada, como uma criança que se debruça sobre a cama, na expectativa de monstros.
    Monstros, mostra-me os monstros: essas pessoas nas ruas. A minha gente.
    Lamento tanto o quanto perdeste.
    Lamento tanto.
    Mas não é idêntica a ti a infeliz humanidade?"

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