sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

"Eu sou, eu sou, eu sou". Soava seu impulso vital dentro d'A redoma de vidro


Uma poetisa que se matou.
Era a única informação que eu tinha de Sylvia Plath.
Já tinha ouvido falar nela, embora nunca tivesse lido um poema seu, até que encontro o e-book (livro esgotado) de “A redoma de vidro” - o único romance de Sylvia Plath.
Confesso que estranhei no início, já que eu imagina um contexto mais antigo (mais pro começo do século XX) e mulheres em um contexto de menor liberdade. 
Até o meio do livro a história andava amena. Erro da autora? Não, apenas a climatização do que viria a seguir...



Em síntese: “A redoma de vidro” conta a história de Esther Greenwood, jovem promissora, com bolsa de estudo em uma ótima universidade em Nova York, mas que não se sente “encaixável” aos estilos de vida possíveis às mulheres na década de 1950.
Por um lado via uma colega “puritana”. Apesar de se sentir inclinada, não sentia que esse estilo de vida a contemplava totalmente.
Por outro, via sua amiga boêmia e liberal. Admirava-a, mas também não se esquadrava nessa forma de viver.
A limitada opção de “profissões de mulheres”, a obrigatoriedade do casamento e da maternidade, enfim, o peso de ser mulher e ser humano não catalogizado passou a sufocar Esther.
Daí por diante, a história nos faz acompanhar o desespero de quem busca todas as formas de aplacar a dor de Ser.

“Eu respirei fundo e ouvi a velha pancada no coração.
Eu sou, eu sou, eu sou”.

A autora desenvolve um clima angustiante e, sinceramente, fico aliviada por não tê-lo lido mais jovem, pois acho que o impacto seria maior e, quem sabe, até prejudicial.

Depois de terminar a leitura lembrei do filme “Garota, Interrompida” com a Winonna Rider e Angelina Jolie (que foi, inclusive, um dos poucos filmes que chorei como uma condenada em seu final).
Procurei na internet ligação entre as duas histórias, mas descobri que o filme é baseado em um livro homônimo, cuja autora, Suzanna Kaysen, também esteve internada no mesmo hospital psiquiátrico de Sylvia Plath, anos depois de sua passagem por lá.

É um livro que, sem dúvida, recomendo, mas não para ler numa fase muito vulnerável da vida.
Para trabalhar/debater questões de gênero é, também, uma boa pedida!

“Para a pessoa que estava na redoma de vidro, apagada e interrompida como um feto morto, o mundo em si era o sonho ruim”

“Um homem não tem uma única preocupação nesse mundo, enquanto eu teria um bebê pairando sobre a minha cabeça, como uma grande ameaça, para me manter na linha.”


[UPDATE] Link do e-book aqui

4 comentários:

  1. Olá, onde vc conseguiu o ebook? Faz tempo que quero ler esse livro mas não acho ;/ Obrigada.

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    Respostas
    1. Oi Dayane! Não lembro em que link eu peguei, mas fiz seu upload em
      http://www.4shared.com/office/fB1usZod/Romance_PLATH_Sylvia_-_Redoma_.html?

      Espero que goste da leitura :)

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    2. Consegui baixar, muito obrigada Thays, de verdade!

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  2. Foi o único luga em que consegui baixar o pdf completo. Ótima resenha. Obrigada!!

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