quarta-feira, 20 de abril de 2011

Viver é para os masoquistas

Tenho reclamado do mundo o tempo todo, e me decepcionado com o bicho homem.
Quanta maldade, quanta fofoca, difamação. Quanta torpeza.
Tenho falado mal da ingratidão dos outros, da frieza e futilidade alheia.
Minha alma escura tem sofrido, tem chorado pela falta da consideração, do amor, da amizade...
E de repente me vejo delatora de mim mesma.
Pois também já vi injustiças e não tomei providência alguma, passando pela podridão tapando o nariz para não sentir o cheiro de carniça.
Não tenho agradecido a ninguém!
Não tenho agradecido a quem me dá vida, saúde, educação, apoio, amizade.
Mesmo sem ter a obrigação de fazê-lo.
Sofro dessa miopia que não deixa ver os sacrifícios realizados por mim, somente os que não foram feitos.
Falo que não temo a morte, mas mantenho escondida dentro de mim a vontade de exercer a gratidão, o afeto.
Pois isso cheira um prelúdio da morte, momento único em que todos se arrependem e confessam seus pecados - porque aí já não há mais tempo para reparar os erros e viver sem os grilhões da infelicidade.

2 comentários:

  1. Pode ter aparência "instantes pré-morte" mas ainda não é. Talvez seja isso que falta lembrar.
    Talvez na verdade *morrer*, ou ao menos esse instante de quase morte, seja para masoquistas, já que agora temos o tempo necessário para evitar "a queda" e respirar a vida.

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  2. Pelo menos um primeiro passo você já deu... o passo de reconhecimento... agora é ir atrás... Vejo que as pessoas tem se tornado muito individualistas, tomam atitudes egoístas que no final prejudicam a si próprios...

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